Pulverizar a dor
“Pulverizar a dor”: ouvi esta expressão na rádio, um destes dias, no regresso a casa, e confesso o meu espanto. Na verdade, tratava-se de um anúncio de publicidade a uma pomada para aliviar as dores musculares. Algo do estilo: “Pulverize a dor com X, fica como novo num instante!” Masoquismos à parte, ninguém merece sofrer, obviamente. Na brincadeira, há quem diga que eu adoro um bom drama, o que não estando longe da verdade, também não representa que seja apologista do escarafunchar eterno das feridas. Aliás, tenho percebido a importância de desocupar o lugar de vítima e de queixume constante. Quanto mais reclamamos, mais ficamos enredados no negativo, tornando-se uma adição amarga, à qual tanta gente está agarrada nos dias que correm. Transpondo o exemplo para a dimensão emocional e, apesar da consciência crescente da não vitimização, continuo a sentir a dor. Continuo a intuir que é necessário senti-la, sem a oprimir. No meu ponto de vista, “pulverizar” a dor, só mascara a sin