A arte de 'bichanar' ...

E lá estavam elas a bichanar. Uma e outra vez. A apontar (sim, a apontar é feio!) para o perfil de facebook de uma mulher que pouco conheciam. A criticar as roupas. A mal dizer o corpo. A examinar os comportamentos. A fazer de comadres cheias de verniz.

Pessoas bem formadas não sussurram. Não fazem esquemas para tramar as outras. Não se escondem atrás de camuflagem para atacar. Não perdem tempo com intrigas.

Quando penso no feminismo e em todas as batalhas pelas quais continuamos a lutar: a violência doméstica, as desigualdades entre homens e mulheres, a crítica social em torno do papel da mulher. Todas estas causas me emocionam, apaixonam e, como cidadã, exigem a minha resposta. Tento fazê-lo, tento estar atenta, a mim e às outras.

Mas há, ainda, outras batalhas… menos visíveis, menos reconhecíveis, mais blindadas ao debate: a disputa que algumas mulheres irrompem contra outras mulheres, só porque sim. Aquele duelo perverso embrulhado em competição invejosa. Até quando vamos despender energias contra nós? Precisamos tanto de energia – positiva - para as verdadeiras lutas. Batalhemos pela igualdade de género, a começar pelo nosso próprio género. A começar pelo respeito que temos umas às outras, por querermos que aquela mulher seja reconhecida pelo seu mérito, sem a pormos em causa, sem desdenharmos as suas conquistas. Não vejo muitos homens a fazerem isso uns com os outros: «fulano X veste-se mal, viste aqueles sapatos? Como será que conseguiu aquele cargo, deve ter sido depois de algumas noites de trabalho com a chefia? Acho mal ele aceitar aquele trabalho fora tendo filhos para cuidar!».



Já dei por mim a retrair-me de falar neste assunto por achar que ao evocá-lo, estou a dar-lhe força. Talvez porque me faz sentir menos feminista, ao tocar nesta ferida. Talvez porque, às vezes, até, me envergonhe disto. No fundo, confesso que é algo que me deixa triste. Desta vez, ganhei coragem com a esperança de que uma abordagem ao tema possa abrir os nossos olhos (sim, estamos todas incluídas).

Li, em tempos, esta frase (não sei quem é o autor): «levamos um minuto para avaliar a vida dos outros e uma vida inteira para entender a nossa». Pois bem, se calhar poderíamos demorar um pouquinho mais antes de apontarmos o dedo e bichanarmos contra a pessoa do lado. Não sabemos que montanhas e vales terá ela atravessado para estar ali. E quem sabe, torcermos um bocadinho por ela?



___________________________________________________________________
Texto en Español

La arte de 'sacar el cuero'

Personas bien formadas y educadas no murmuran. No hacen esquemas para perjudicar a otras. No se esconden detrás de camuflaje para atacar. No pierden tiempo con intrigas .

Cuando pienso en el feminismo y en todas las batallas por las que seguimos luchando: la violencia doméstica, la desigualdad entre hombres y mujeres, la crítica social sobre el papel de las mujeres. Todas estas causas hago caso, me enamoran y, como ciudadana, requieren mi respuesta. Trato de hacerlo, trato de estar atenta para mí y para los demás.

Pero también hay otras batallas ... las menos visibles, menos reconocibles, que requieren el debate: la afirmación de que algunas mujeres se irrumpen en contra de otras, porque sí. Ese combate envuelto en una competencia celosa. ¿Cuánto tiempo vamos seguir gastando energía en contra de nosotras mismas? Necesitamos tanto la energía - positiva - para las peleas reales. Luchemos por la igualdad de género, empezando por nuestro propio género. Comenzando por el respeto que tenemos unas por las otras, porque queremos que esa mujer sea reconocida por sus méritos, sin que se ponga en cuestión, sin desdeñar sus logros. No veo muchos hombres murmurando por ahí: “La ropa le queda mal a X.. y esos zapatos?? ¿ Como consiguió ese cargo? Seguro por las noches que paso con el jefe..No es justo que acepte ese trabajo ya  que tiene hijos”.

Este es un tema que me he retraído de hablar porque creo que al hacerlo, le puedo estar dando fuerza. Tal vez porque me siento menos feminista si toco en la herida. Tal vez porque a veces a a mi me da vergüenza. Básicamente, admito que es algo que me pone triste. Esta vez me llene de coraje para escribir sobre el tema, con la esperanza de que un acercamiento puede abrir los ojos de todos sobre la union de las mujeres (sí, estamos todos incluidos).

En alguna parte leí esta frase (nó sé quien es ela utor): "llevamos un minuto para evaluar la vida de los otros y una vida entera para entender la nuestra”. Bueno, quizás lo mejor seria retardar un poquito antes de murmurar o juzgar la persona de al lado. . No sabemos que  montañas   y valles ha cruzado para que este allí. . y quien sabe, darle un poco de animo?

Comentários

Mensagens populares