Big Little Lies e The Handmaid's Tale: mais do que vencedoras de Emmys
Sou uma apaixonada por cinema, teatro
e televisão. Na verdade, fascinam-me as histórias e a forma como são contadas e
interpretadas. Atraem-me personagens reais ou próximas do real que sejam
densas, que me ponham a pensar – além de entreter, não será esse o papel das
histórias, fazer-nos exercitar o pensamento crítico? - No caso das séries
televisivas, admito que é por alturas e do que me capta ou não a atenção. Nas
últimas semanas, influenciada pelas referências aos Emmys deste ano, tive
curiosidade de espreitar duas séries que abordam, de modos diferentes, o
universo feminino: Big Little Lies e The Handmaid's Tale.
Big
Little Lies, uma mini série de 7 episódios, conta
com a participação e a produção de Nicole Kidman e Reese Witherspoon. O enredo
é completamente viciante – será esse o critério de uma boa série?! - enfatiza a
vida de 5 mulheres. Acompanhamos a vida de cada uma delas, ao mesmo tempo que
assistimos ao cruzamento dos seus percursos e dos seus dilemas enquanto
mulheres, mães, conjugues, profissionais e cidadãs. A série toca em feridas que
merecem um destaque no palanque atual: o conciliar da vida profissional e
familiar, a violência doméstica, a violência sexual, o bullying, etc. Os temas «quentes» são apresentados de uma forma
interessante e sobressaem os valores de união, companheirismo e amizade entre as
mulheres – identifiquei-me na relação com as minhas amigas nas confidências e
no apoio incondicional. Para além das interpretações brilhantes do elenco, o argumento
é excelente e a banda sonora deixou-me agarrada
durante dias.
The
Handmaid's Tale foi uma das séries que mais me perturbou na vida. Poderá parecer
contraditório ou até dissuasor, mas é verdade. Confesso que a meio do primeiro
episódio pensei em parar a visualização…deixei rolar e tornou-se aditivo. A
cada episódio sentia um sufoco, uma espécie de murro no estômago e não me
recordo de ter visto nada, sequer, parecido. Baseada num romance de Margaret
Atwood (1985), a série gira em torno de um conceito: a sociedade, num tempo não
muito distante do atual, sofrerá uma transformação radical em que as mulheres
serão o elo mais fraco. Depois de conquistas durante séculos de História da
Humanidade, a mulher é subjugada e volta a não ter quaisquer direitos: não pode
trabalhar, estudar, nem sequer pode ler um livro – todos os livros são
queimados. Como há um problema grave de infertilidade nessa sociedade, as
poucas mulheres férteis são feitas escravas - as Handmaids são as reprodutoras
que vestem um uniforme vermelho e que seguem os rituais impostos pela elite
para gerarem os filhos das novas gerações. A partir daí, só vendo… Chocante em
muitos momentos, empolgante em tantos outros, nos quais torcemos pela
protagonista – fabulosamente interpretada por Elisabeth Moss
– que esconde, por baixo do pano da submissão, uma força e uma inteligência
inacreditáveis.
Embora sejam séries em que o
protagonismo é feminino, devem ser vistas por homens e mulheres de todas as
idades. E, depois de visionadas, seria interessante que dessem lugar a
partilhas, conversas e discussões de pontos de vista.
Publicado em Capazes - 12.10.2017
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Texto en Español
Soy una apasionada por
el cine, el teatro y la televisión. En verdad, me fascinan las historias y la
forma como se cuentan y son interpretadas. Me atraen personajes reales o
cercanos al real que sean densos, que me pongan a pensar - además de
entretener, no será ese el papel de las historias, hacernos ejercitar el
pensamiento crítico? - En el caso de las series televisivas, admito que es por épocas
y de lo que me capta o no la atención. En las últimas semanas, influenciada por
las referencias a los Emmys de este año, tuve curiosidad de mirar dos
series que abordan, de modos diferentes, el universo femenino: Big Little Lies y The Handmaid's Tale.
Big Little Lies, una
mini serie de 7 episodios, cuenta con la participación y la producción de
Nicole Kidman y Reese Witherspoon. La trama es completamente adictiva - ese
será el criterio de una buena serie ?! - enfatiza la vida de 5 mujeres.
Acompañamos la vida de cada una de ellas, al tiempo que asistimos al cruce de
sus recorridos y de sus dilemas como mujeres, madres, cónyuges, profesionales y
ciudadanas. La serie toca en heridas que merecen un destaque en el escenario
actual: el conciliar de la vida profesional y familiar, la violencia doméstica,
la violencia sexual, el bullying, etc. Los temas «calientes» se presentan de
una forma interesante y sobresalen los valores de unión, compañerismo y amistad
entre las mujeres - me identifiqué en la relación con mis amigas, en las
confidencias y en el apoyo incondicional. Además de las interpretaciones
brillantes del elenco, el argumento es excelente y la banda sonora me dejó
agarrada durante días.
The Handmaid's Tale fue
una de las series que más me perturbó en la vida. Puede parecer contradictorio
o incluso disuasorio, pero es cierto. En el primer episodio pensé en parar la
visualización ... dejé rodar y se convirtió en algo aditivo. A cada episodio
sentía un nudo en la garganta y no me acuerdo de haber visto nada, ni siquiera,
parecido. Basada en la novela de Margaret Atwood (1985), la serie gira en torno
a un concepto: la sociedad, en un tiempo no muy distante del actual, sufrirá
una transformación radical en la que las mujeres serán la parte más débil.
Después de conquistas durante siglos de historia de la Humanidad, la mujer es
subyugada y vuelve a no tener ningún derecho: no puede trabajar, estudiar, ni
siquiera puede leer un libro - todos los libros son quemados. Como hay un
problema grave de infertilidad en esa sociedad, las pocas mujeres fertiles son
las esclavas - las Handmaids son las reproductoras que visten un uniforme rojo
y que siguen los rituales impuestos por la élite para generar a los hijos de
las nuevas generaciones. A partir de ahí, sólo viendo ... Chocante en muchos
momentos, emocionante en tantos otros, en los que pedimos por la protagonista -
fabulosamente interpretada por Elisabeth Moss - que esconde, bajo el paño de la
sumisión, una fuerza y una inteligencia increíbles.
Aunque son series en las
que el protagonismo es femenino, deben ser vistas por hombres y mujeres de
todas las edades. Y, después de visionadas, sería interesante dar lugar a
compartir, conversaciones y discusiones de puntos de vista.
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