TREVO DE 4 FOLHAS


Uma amiga muito querida ofereceu-me, há uns dias, um fio delicado com um trevo de quatro folhas. Um presente especial que me comoveu por desencadear uma memória bastante antiga. 

No dia em que fiz 13 anos, houve um desfile de final de ano na minha escola, no qual todas as turmas participaram no contexto dos países da Europa. A mim calhou ir de escocesa, vestindo o típico kilt e uma boina, a condizer. Recordo-me da sensação de estar em cima do palco – uma improvisação feita com umas mesas em forma de U e tinha piada estar em pé em cima delas – pois nunca me fez confusão falar ou expor-me a um público. Creio que seria a veia teatral que estava em altas na altura e, quem sabe, um treino para a passadeira vermelha de Hollywood?! 


No final do desfile, fui surpreendida pela plateia que começou a cantar parabéns, sem imaginar que seriam para mim! A maior surpresa foi ver, ao fundo, a minha mãe e a minha irmã (não era suposto) com um bolo de aniversário. O que tornou o momento inesquecível foi o facto da minha mãe ter mandado fazer um bolo em forma de trevo de 4 folhas – numa época em que não estava em voga o atual cake design. Nem sei como ela terá conseguido aquela proeza, o resultado final foi espantoso. Recordo, particularmente, essa sua persistência em trabalhar para que as coisas se tornassem mágicas – para nós, mas não só. Ela era uma pessoa cuidadosa para com os outros, revelando a sua generosidade em pequenos (mas enormes!) gestos de afeto. 

A Marta, a nossa mãe, era (muito) supersticiosa. Reconhecia os símbolos de bom augúrio e atribuía um valor particular ao trevo de quatro folhas. A esse propósito, costumava contar-me, em tom de lenda, que quem encontrasse um trevo naquele formato, seria agraciado com a mais pura felicidade. O elevado encanto desses seres provém da constatação de que são muito raros - 1 em cada 10 000 trevos apresenta 4 folhas. Em termos figurativos, cada folha tem um símbolo: esperança, fé, amor e sorte. 

Devolvo ao mundo a fé que a minha mãe me ensinou a ter nos trevos, como tenho nas coisas menos comuns que são, para mim, especiais. Hoje trago-o ao peito para alimentar a esperança de que a boa fortuna se me apresente ao virar da esquina, tal como naquele dia (feliz) do desfile da escola. 

“Tu és trevo de quatro folhas 
És manhã de Domingo à toa 
Conversa rara e boa 
Pedaço de sonho que faz meu querer acordar 
(...) 
Ah, eu só quero o leve da vida apra te levar 
E o tempo para, ah 
É a sorte de levar a hora pra passear 
Pra cá e pra lá, pra lá e pra cá 
Quando aqui tu 'tá” 

(Ana Vitória e Diogo Piçarra, Trevo de 4 folhas)

________________________________________________________________________
Texto en Español


TREBOL DE 4 HOJAS


Una amiga muy querida me regalo un collar delicado hace unos días con un trébol de cuatro hojas. Un regalo especial que me conmovió al activar un recuerdo muy antiguo.

El día que cumplí 13 años, hubo un desfile de fin de año en mi escuela, en el que todas las clases participaron con el tema de los países europeos. Yo fui escocésa, con la falda escocesa típica y una boina a juego. Recuerdo la sensación de estar en el escenario, una improvisación hecha con algunas mesas en forma de U y fue divertido pararse sobre ellas, porque nunca me confundió hablar o exponerme a una audiencia. ¡Creo que sería la vena teatral que estaba alta en ese momento y, quién sabe, una pratica para la alfombra roja de Hollywood?

Al final del desfile, me sorprendió la audiencia que comenzó a cantar feliz cumpleaños, ¡sin imaginar que sería para mí! La mayor sorpresa fue ver, en el fondo, a mi mamá y mi hermana (no se suponía que lo hicieran) con una torta de cumpleaños. Lo que hizo que el momento fuera inolvidable fue el hecho de que mi mamá había traído esa torta con el formato de un trebol de 4 hojas, en un momento en que no estaba de moda ese tipo de decoracion de tortas. Ni siquiera sé cómo pudo haber logrado esa hazaña, el resultado final fue hermoso. Recuerdo especialmente su persistencia en trabajar para hacer las cosas mágicas y especiales, para nosotros, pero no solo. Era una persona cariñosa con los demás, revelando su generosidad en pequeños (¡pero enormes!) gestos de afecto.



Marta, nuestra mama, era (muy) supersticiosa. Reconocia los símbolos de buen augurio y le dava un valor particular al trébol de cuatro hojas. A este respecto, solía decirme que cualquiera que encontrara un trébol en esa forma recibiría la mayor felicidad. El encanto de estos seres de 4 hojas se debe al hecho de que son muy raros: 1 de cada 10.000 tréboles tiene 4 hojas. Hablando en sentido figurado, cada hoja tiene un símbolo: esperanza, fe, amor y suerte.

Devuelvo al mundo la fe que mi mama me enseñó a tener en los tréboles, como yo tengo en las cosas menos comunes que son tan especiales para mí. Hoy lo llevo colgado en mi pecho para alimentar la esperanza de que la buena suerte se me presente a la vuelta de la esquina, así como ese día (feliz) del desfile escolar.

Comentários

Mensagens populares