Há sempre uma folha em branco à minha espera
O vazio, além de nada, é tudo - um
tudo cheio de possibilidades que se amontoam na esperança de se tornarem alguma
coisa. Gosto, particularmente, do vazio das folhas do meu caderno que chama por mim, com ansiedade, para mais um texto. Temos uma relação estranha, eu e as
folhas do caderno: por um lado, não as quero deixar em branco demasiado tempo,
já que andam, permanentemente, inúmeras ideias a magicar dentro da minha
cabeça; por outro, é maravilhoso ter tudo em aberto e vislumbrar o momento em
que um texto nasce, a partir do zero.
Não sei para onde vou quando escrevo.
Mas sei que quero, sempre, regressar a esse lugar. Creio que me encontro quando
bato à porta da criatividade, vem à janela a memória, e tudo se mistura de
forma colorida. Dou a mão às palavras, deixo-me levar de olhos fechados - sem controlar
nada – e nesse ritmo, vamos, alegremente, dançando a valsa das histórias que
quero (ou necessito) contar ao mundo.
Autoria da Fotografia: Nuno Galante
No meio dos dias cinzentos e das azáfamas
associadas às festividades - há uma pressão para sermos imensamente felizes - eu
sofro, ainda mais, pondo em causa tudo o que me rodeia. A paciência esgota-se com
bastante facilidade e sinto falta da meditação regular – tenho-me andado a baldar, nas últimas semanas. Corro,
desesperadamente, em busca do meu caderno e a paz abraça-me, por breves instantes
– é o suficiente para sentir que posso retornar ao estado de equilíbrio. Careço
de silêncio, o verdadeiro – descobri que se trata de um bem escasso e pretendo praticá-lo
mais, no próximo ano. Talvez ceda demasiado à tentação do falar, falar, falar…
Escrever será, por isso, o único
desejo que digo, em voz alta, para 2018. Representa um desejo em forma de
promessa e que traduz uma necessidade inata à minha maneira de ser. No ano que
agora termina, posso contar mais de 25 novos textos publicados no Celestices, alguns deles, resultantes de
desafios lançados por amigos que fazem questão de alimentar este meu sonho
antigo. Às minhas pessoas que estão sempre
dispostas a ler os meus rabiscos e que me encorajam a ser quem sou, a minha enorme
gratidão.
No sentido de começar, desde já, a
praticar a gratidão, em vez de pedir muitos desejos, este ano, porque não, fazer
o contrário?! Estou inclinada a pensar algo diferente, desta vez: começando no
dia 1 de janeiro, apontar cada ganho ou vitória e guardar esses papelinhos num
frasco/caixa. Daqui a um ano, poderei abrir o frasco e verificar quantos
motivos terei para agradecer. Que tal?
Um bom ano 2018. Com folhas
em branco e muitos pequenos tudos para agradecer…
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Texto en Español
El vacío, además de nada, es todo, un
todo lleno de posibilidades que se amontonan con la esperanza de convertirse en
algo. Me gusta, particularmente, el vacío de las hojas de mi cuaderno que me llama, con ansiedad, para otro texto. Tenemos una relación rara, yo y las
hojas del cuaderno: por un lado, no las quiero dejar en blanco demasiado
tiempo, ya que andan, permanentemente innumerables ideas dentro de mi cabeza;
por otro, es maravilloso tener todo en abierto y vislumbrar el momento en que un
texto nace, a partir de cero.
No sé a dónde voy cuando escribo. Pero
sé que quiero, siempre, regresar a ese lugar. Creo que me encuentro cuando
golpeo la puerta de la creatividad, se asoma a la ventana la memoria, y todo se
mezcla de forma colorida. Yo doy la mano a las palabras, me dejo llevar de ojos
cerrados - sin controlar nada - y en ese ritmo, vamos, alegremente, bailando el tango de las historias que quiero (o necesito) contar al mundo.
En el medio de los días grises y del caos
asociado a las festividades-hay una presión para ser inmensamente felices -
sufro, aún más, poniendo en cuestión todo lo que me rodea. La paciencia se
agota con bastante facilidad y la falta de la meditación regular - me colgué
mucho, en las últimas semanas. Corro, desesperadamente, en busca de mi cuaderno
y la paz me abraza, por breves instantes - es suficiente para sentir que puedo
regresar al estado de equilibrio. Estraño el silencio, el verdadero - descubrí
que se trata de un bien escaso y pretendo practicarlo más, el próximo año. Tal
vez ceda demasiado a la tentación del hablar, hablar, hablar ...
Escribir será, por eso, el único deseo
que digo, en voz alta, para 2018. Representa un deseo en forma de promesa y que
traduce una necesidad innata a mi manera de ser. En el año que ahora termina,
puedo contar más de 25 nuevos textos publicados en Celestices, algunos de
ellos, resultantes de desafíos lanzados por amigos que se preocupan en alimentar este mi sueño antiguo. A mis personas que siempre están dispuestas a
leer mis lineas y que me animan a ser quien soy, mi enorme agradecimiento.
En el sentido de empezar, desde ya, a
practicar la gratitud, en vez de pedir muchos deseos, este año, ¿por qué no,
hacer lo contrario? Estoy inclinada a pensar algo diferente, esta vez:
comenzando el 1 de enero, apuntar cada victoria y guardar esos
papeles en una caja. De acá a un año, podré abrir el frasco y
comprobar cuántos motivos tendré para agradecer.
Un buen año 2018. Con muchas hojas en
blanco ...
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