Let it be...

Há muito tempo que estou para te escrever. A ti, a mulher que está aí dentro, sei que me escutas. Por vezes, ouves com ruído de fundo e acabas por não entender a mensagem, que é tão simples. Talvez demasiado simples para que tu possas acreditar que é possível.
Está tudo bem. O mundo, cá fora, nem sempre é justo. Mas está tudo bem. A vida, muitas vezes, pede muito, exige demasiado e há pessoas, como tu, que sabem responder. E quase ficam viciadas na exigência (o quase é um eufemismo, neste caso).

Os sobreviventes são assim, eu entendo-te. Estás aí dentro e construíste o teu abrigozinho para te proteger do temporal quando as tragédias bateram à porta. Soubeste encontrar as pedras e os ramos necessários para que esse abrigo fosse seguro. Foste valente, como ninguém. Aguentaste as intempéries sem te queixar e ainda sair para salvar outros como tu – um bocadinho mais frágeis. Conseguiste sobreviver aos tsunamis e aos tornados. Mas já chega, a tempestade já passou.

Chega de viver em modo sobrevivência. Em modo voo. Em modo ‘será que está mesmo tudo bem?’. Os sobreviventes que lerem isto, hão-de reconhecer a síndrome – é algo que se cola a nós. Vem com o kit sobrevivência e custa a despegar.
O modo sobrevivência é espectacular; tem a sua função. É graças a ele que estás cá hoje, sã e salva, mulher feita, com valores e com garra para o mundo. É útil, cirurgicamente. Mas já não precisas do kit (e quando voltares a precisar, ele aparecerá automaticamente), podes largar.

Larga o apego, a ansiedade, a exigência. Sê paciente contigo. Podes deixar ir, deixar rolar… Let it be… já diziam os Beatles e tinham toda a razão. Porque é que tu, muitas vezes, não acreditas? Deixa o controlo, a preocupação, a vontade de fazer pelos outros. A frustração que sentes quando não sabes controlar os impulsos. Também podes fazê-lo. Também tens direito a fazer merda, de vez em quando. Podes cagar no assunto. Podes relaxar e pousar a mochila. Vai buscar a tua maravilhosa capacidade de rires de ti própria. Sabes usá-la tão bem, ou já te esqueceste?

Não te leves tão a sério. Não leves a vida tão a sério.
Let it be…

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Texto en Español

Hace mucho tiempo que te quiero escribir. A ti, la mujer que está ahí, sé que me escuchas. A veces me escuchas con ruido de fondo y al final no entendes el mensaje, que es así de simple. Tal vez demasiado simple, para que creas que es posible.



Esta todo bien. El mundo exterior, ni siempre es justo. Pero está todo bien. La vida a menudo pide mucho, exige demasiado y hay gente como tu que sabe cómo responder. Y son casi adictos de la exigencia (el casi es un eufemismo en este caso).

Los sobrevivientes son así, te entiendo. Estás ahí dentro y construiste tu refugio para protegerte en la época que las tragedias te tocaron la puerta. Supiste elegir las piedras y las ramas necesarias para este refugio fuera seguro. Fuiste valiente como nadie. Aguantaste las inclemencias del tiempo sin quejas y aún así salir para salvar a otros como tú - un poco más fragiles. Lograste sobrevivir a los tsunamis y tornados. Pero basta, la tormenta ha pasado.

Basta de vivir en modo de supervivencia. En el modo de vuelo. ‘Seguro que esta todo bien?'. Los sobrevivientes que leen esto, tenderán a reconocer el síndrome - es algo que se pega a nosotros. Viene con el kit de supervivencia y cuesta a despegar. El modo de supervivencia es espectacular; tiene su función. Es gracias a él que estás acá hoy, sana y salva, mujer hecha, con valores y fuerza para el mundo. Es útil, en alguns casos pero ya no es necesario (y cuando vuelvas a necesitarlo, aparecerá automáticamente). 

Despegate de la exigência, de la preocupacion, de la ansiedad. Sé paciente con vos misma. Podes dejar ir ... «Let it be» ... que sea lo que sea ... decia la cancion de los Beatles y ellos tenían razón. ¿Por qué muchas veces no crees? Deja el control, la inquietud, el deseo de hacer por los demás. La frustración que sientes cuando no sabes controlar los impulsos. También podes hacerlo. También tienes el derecho de hacer mierda, cada tanto. Podes desligarte del tema. Podes relajarte y sacarte la mochila de encima. Buscá tu maravillosa capacidad de reírte de vos misma.. Sabes usarla tan bien, o te has olvidado?

No te tomes tan en serio. No tomes la vida tan en serio.
Let it be...

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