Um pedacinho da nossa alma em estado líquido
Num dos percursos diários de autocarro
casa-trabalho/trabalho-casa, dei por
mim a escutar a conversa alheia – uma das poucas opções quando nos esquecemos dos
auriculares – entre duas amigas, mais ou menos da minha idade:
-
Este ano, apeteceu-me montar a árvore de natal. Já não decorava a casa nesta
época, há tantos anos! Acho que por não me sentir em casa, estava sem
‘espirito’…
-
Olha, boa ideia! Fizeste muito bem!
-
Deu me vontade de chorar, sabes? Até isso me comove! Uma ridícula árvore de
natal comprada nos chineses! (risos) …
Há pessoas assim: choram (ou sentem
vontade de chorar) em demasia. Choram porque se comovem com a vida, seja por uma
alegria, uma tristeza, uma memória que ressurge ou uma nostalgia que assalta o
coração. A minha teoria é que, nesses casos, a ‘patilha’ do sistema lacrimal
está avariada – também deve ter sido adquirida nos chineses – e, por isso, as
emoções escorrem, navegam, inundam …!
Embora não me tivesse metido na
conversa das duas amigas, por dentro conversei com a rapariga da árvore dos
chineses. A minha alma cruzou-se com a dela para lhe dizer que consegui ‘ler’ a sua emoção - simples empatia de
pessoas desconhecidas. Poderiam existir múltiplas razões para que ela ficasse
comovida (eu imaginei umas quantas bastante plausíveis). Mas, no final de tudo,
o que importa?
-
Estás a chorar, estás emocionada? Eu
estou contigo. Seja qual for a tua razão.
Complicar para quê? Que consolo, que
frases feitas, podemos dizer a quem está a sofrer? Não interessa porque escorrem
as lágrimas dos seus olhos. Saem porque precisam de viajar para fora do peito e
vir conhecer o mundo. Porque são elas que limpam a alma e, muitas vezes, a
saram - é isto que as pessoas pouco
choronas não sabem (ou invejam!). Há lágrimas mais rebeldes que fogem, mesmo
sem pedir licença! Outras são mais retraídas e espreitam primeiro, para ver se o
caminho está livre. Mas todas elas são especiais: um pedacinho da nossa alma em
estado líquido.
___________________________________________________________________________
Texto en Español
Un
pedacito de nuestra alma en forma líquida
En
los percursos de autobús diarios de casa al trabajo / trabajo a casa, escuché la
conversacion de dos chicas - una de las pocas opciones cuando se olvida el auricular
– mas o menos de mi edad:
- Este año, me dió ganas de armar
el árbol de Navidad. No he decorado la casa por fiestas hace muchos años! Creo
que porque no me sentiao en casa, estaba sin "espíritu" ...
- Hey, buena idea! Hiziste muy
bien!
- Me dio ganas de llorar, ¿sabes?
Incluso esto me comueve! Un árbol de Navidad ridícula comprado en los chinos! (Risas) ...
Hay
gente que llora (o tiene ganas de llorar) demasiado. lloran porque se emocionan
con la vida, o por una alegría, una tristeza, una memoria que reaparece o una
nostalgia que invade el corazón. Mi teoría es que, en tales casos, el sistema
lagrimal está roto – lo compraron en
algun chino - y por lo tanto las emociones gotean, inundan ...!
A
pesar de que no haberme metido en la conversación de las dos amigas, por dentro
me quedé hablando con la chica del árbol chino. Mi alma se cruzó con la della
para decirle que podía "leer" sus emociones – una rara empatia de
personas desconocidas. Podrían haber varias razones para que ella llore (me
imaginaba unas cuantas bastante plausibles). Pero al final de todo, lo que
importa?
- Estás llorando, ¿estás
emocionada? Yo estoy con vos. Sea cual sea la razón.
Para
que complicar? ¿Qué consuelo que lugares comunes, podemos decir a quien esta
sufriendo? No importa porque salen las lagrimas. Salen porque necesitan viajar
para fuera del pecho y conocer el mundo. Por qué son ellas que limpian el alma
y con frecuencia la curan - esto es lo que la gente que no llora o llora poco
no sabe (o envidia!). Las lágrimas rebeldes huyen sin siquiera pedir permiso!
Otras son más timidass y están viendo si pueden salir despacito... Pero todos
ellas son especiales: un pedacito de nuestra alma en un estado líquido.
Comentários
Enviar um comentário