Quem tem uma espécie de memória de elefante?!
Olhei
para o calendário e, por automatismo, pressionei o botão «retroceder»,
iniciando uma viagem no tempo para verificar o que terá sucedido, naquela
altura, em anos anteriores. «- Há 5 anos atrás, neste dia, estava …». Chamem-me
louca – eu sei que sou um bocadinho – mas devo ter incorporado, de forma
natural, algo semelhante à funcionalidade de partilha de memórias do facebook e
julgo que não me sairia nada mal se, por acaso, inventassem um concurso do
género ‘quem tem uma espécie de memória de elefante?!’. Trata-se de um processo
mnemónico involuntário que, com o passar do tempo, se foi aprimorando… talvez
esta componente da memória se tenha desenvolvido em contraste com a minha diminuta
capacidade de recordar rostos, pois nesse plano sou mais do tipo memória de peixe – o cúmulo é não
reconhecer uma funcionária de uma loja que me estava a atender depois de me
afastar, por minutos, para fazer uma chamada telefónica.
Tento
conviver com esta alienada capacidade
– embora tenha momentos em que prefiro omiti-la, por sentir, no olhar dos
outros, reprovação ou desconfiança: - ‘Tu lembras-te mesmo disso? Não é
possível!’. Recordar factos e situá-los no tempo nem sempre constitui uma mais-valia,
uma vez que existem coisas em que dá jeito fazer um completo delete – a nossa sanidade mental agradece.
Assim mesmo, acho que vale a pena este pequeno exercício – que está ao alcance
de qualquer um que se disponha a fazê-lo – porque com ele se consegue,
facilmente, identificar pontos de sincronia, ao longo da vida. Ajuda-nos a acreditar
na magia e ela é tão necessária!
O
universo está em sintonia – se lhe dermos um pouquinho de atenção - não é só um
trambolho caótico que nos faz desesperar
tantas e tantas vezes! A maior parte do tempo, andamos distraídos e não
reparamos nos sinais, ou como dizia John Lennon: - “life is what happens to you while you’re busy making other plans”. Ambicionamos
o controlo… fazemos força, muita força, para nos tornarmos cada vez mais
inteligentes, lógicos e racionais. Como se o instinto, a emoção e o lado mais
subjetivo nos conferissem inferioridade. E ninguém quer ser fraco, frágil, ou
inseguro, pois não?! É uma pescadinha de rabo na boca…
Reparar
nos sinais do tempo transformou-se num género de vício que me conforta.
Fortalece a ligação comigo e com o que me acontece. Faz-me dar as mãos à menina
que, dentro de mim, não deixa de sonhar e de observar com curiosidade as coisas
que parecem estranhas neste mundo.
Então,
hoje, olhei para a data e… apercebi-me que faz 1 ano que criei o blog “celestices”.
Apesar de escrever desde que me lembro, apenas no ano passado consegui ganhar coragem para expor os meus rascunhos. Assumo o “celestices”
como uma plantinha que vou alimentando com alguma regularidade, à espera que
possa florescer. Aos poucos, a disciplina devolve prazer e reconhecimento e,
assim, como um peixe na água – ou um caranguejo, dado o meu horóscopo – vou
continuando a escrever. E a olhar para o calendário à procura de memórias felizes…
P.S – A quem me lê: MUITO OBRIGADA!
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Texto en Español
¿Quién tiene una especie de memoria de elefante?
Miré al calendario y, por automatismo, presioné el botón
"retroceder", iniciando un viaje en el tiempo para verificar lo que
habia sucedido en años anteriores. "Hace cinco años, en este día, estaba
...". Me llaman loca - sé que soy un poco - pero debo haber incorporado,
de forma natural, algo similar a la funcionalidad de compartir memorias de
facebook y creo que no me saldría nada mal si, por casualidad, inventasen un
concurso del género Quien tiene una especie de memoria de elefante ?! '. Se
trata de un proceso mnemónico involuntario que, con el paso del tiempo, se ha
ido perfeccionando ... tal vez este componente de la memoria se haya
desarrollado en contraste con mi diminuta capacidad de recordar rostros, pues
en ese plano soy más del tipo memoria de pescado - El cúmulo es no reconocer a una
funcionaria de una tienda que me atendía después de alejarse, por minutos, para
hacer una llamada telefónica.
Intento convivir con esta alienada capacidad - aunque tenga
momentos en que prefiera omitirla, por sentir, en la mirada de los demás,
reprobación o desconfianza: - '¿Te acuerdas de eso? ¡No es posible!'. Recordar
hechos y situarlos en el tiempo no siempre constituye una ventaja, ya que hay
cosas en que es mejor 'deletar' (olvidar) - nuestra sanidad mental
agradece. Así mismo, creo que vale la pena este pequeño ejercicio -que está al
alcance de cualquiera que se disponga a hacerlo-porque con él se logra
fácilmente identificar puntos de sincronía a lo largo de la vida. ¡Nos ayúda a
creer en la magia y ella es tan necesaria!
El universo está en sintonía - si le damos un poquito de
atención - no es sólo un tramo caótico que nos hace desesperar tantas y tantas
veces! La mayor parte del tiempo, andamos distraídos y no reparamos en las
señales, o como decía John Lennon: - "la vida es lo que te pasa mientras
estás haciendo otros planes. Hemos ambicionado el control ... hacemos fuerza,
mucha fuerza, para volverse cada vez más inteligentes, lógicos y racionales.
Como si el instinto, la emoción y el lado más subjetivo nos conferir
inferioridad. Y nadie quiere ser débil, frágil, o inseguro, pues no? Es una pescadita
de cola en la boca ....
Darnos cuenta de las señales del tiempo se ha transformado
en un vicio que me conforta. Fortalece la conexión conmigo y con lo que me
pasa. Me hace dar las manos a la niña que, dentro de mí, no deja de soñar y de
observar con curiosidad las cosas que parecen raras en este mundo.
Así que hoy, he mirado la fecha y ... me di cuenta de que
hace 1 año que creé el blog "celestices". A pesar de escribir desde
que me recuerdo, la exposición de mis textos es reciente, habiendo sido,
precisamente, un año que tomé coraje ... asumí el "celestices" como
una plantita que voy alimentando con cierta regularidad, esperando que pueda
florecer. He ganado una disciplina que me devuelve placer y reconocimiento, y
así como un pez en el agua, para seguir escribiendo. Y mirando el calendario
en busca de memorias felices ...
P.- A quien me lee: ¡MUCHAS GRACIAS!
Parabéns! É sempre um prazer ler o que escreves, e este texto não é excepção. Também gosto de fazer esse exercício, embora a minha memória seja mais selectiva, mas valho-me do meu blog para me ajudar a recordar e a organizar a vida no tempo. Olhar para trás ajuda a ter uma maior percepção do todo, do nosso percurso, do que já alcançámos. O universo presenteia-nos com a nossa própria evolução e às vezes só precisamos de parar um pouco para reparar nela ;) Continua, beijinhos
ResponderEliminarObrigada, querida Adriana! O teu blog é uma inspiração e um exemplo para mim, desde há muito. Vou continuar sim..:)
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