O que aconteceu ao menino Giosué?!

[O amor faz a vida bela]

Recordo-me que fui ver o filme «A vida é bela» ao cinema 2002 – uma daquelas velhas salas de cinema que hoje são consideradas autênticas peças de museu, já que somos obrigados a assistir a filmes em shoppings centers cheios de modernices e publicidades – no final dos anos 90. Ficou-me, também, na memória, o discurso inflamado do Roberto Benigni na noite dos Óscares. Penso que será um dos filmes mais marcantes da História recente do Cinema, pela abordagem diferenciada de um acontecimento, tantas vezes retratado em obras da sétima arte: a segunda guerra mundial. Trata-se de um drama – uma das piores tragédias que o ser humano vivenciou – que é contada, em muitos momentos da película, em formato de comédia e de algum suspense. O tom com que vai sendo revelada a narrativa, permite-nos encarar uma realidade dura e pesada como os campos de concentração sob um outro prisma, apesar de não ser possível esquecer – nem devemos fazê-lo - os horrores que aqueles cenários representaram para a Humanidade.

Além da mensagem do filme que permanece viva, muitos anos volvidos da sua estreia – e depois de tê-lo visionado meia dúzia de vezes mais - há uma pergunta que não me sai da cabeça: «O que terá acontecido ao menino Giosuè?!». Cismada com essa questão, decidi, há dias, rever a última cena em que a criança sai do esconderijo e é posta em segurança pelas tropas dos Aliados, reencontrando a sua mãe (após a morte heróica do pai). Em seguida, o filme termina e ficamos sem saber o que lhe terá acontecido. Como terá sido a vida do Giosuè? Terá transformado a sua experiência em ódio e vingança? Terá alimentado, dentro de si, a amargura e o ressentimento, naturais em contextos limite de guerra, xenofobia e racismo como o da Alemanha Nazi? Haverão inúmeras possibilidades – eventuais sequelas – mas no meu imaginário, a vida seguiu de uma forma exemplar.


Desafio#02 (Daniela Vieira)

Giosuè terá crescido com a sua mãe, forte e saudável. Tornou-se um adulto justo, consciente dos reais valores da vida. Em todo o seu percurso, o lado positivo sobressaiu, já que depois de ter passado por um campo de concentração, os problemas da vida rotineira se tornaram demasiado banais. Aprendeu, desde muito cedo, a relativizar – um dos trunfos para a felicidade. Tudo o que Guido (o pai) lhe ensinou – metaforizado naquele jogo dos 10 pontos – foi surgindo, oportunamente, na sua vida, tendo feito do sentido do humor, o seu verdadeiro aliado. Giosuè, em homenagem ao seu pai, fez com que a sua vida fosse genuína e simplesmente bela.


Obrigada Giosuè, Obrigada Guido, por me continuarem a inspirar, até hoje. Por me mostrarem que a vida é cheia de coisas boas e más e que temos de seguir em frente, da melhor maneira que conseguirmos. Nunca perdendo a esperança de lutarmos por um mundo mais justo, tolerante e…belo.


Nota: Este texto foi elaborado no âmbito do Desafio Celestices (#02). A ideia do filme «A vida é bela» de Roberto Benigni (1997) fornecida por Daniela Vieira  serviu de ponto de partida e inspiração para a redação do texto.   

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Texto en Español

[El amor hace la vida bella]
Me acuerdo que fui a ver la película «La vida es bella» al cine 2002 - una de esas viejas salas de cine que hoy se consideran auténticas piezas de museo, ya que somos obligados a mirar películas en centros comerciales llenos de modernidades y publicidades - en el final de los años 90. Me quedó también en la memoria el discurso inflamado del Roberto Benigni (el director) en la noche de los Óscares. Creo que será una de las películas más destacadas de la historia reciente del cine, por el enfoque diferenciado de un acontecimiento, tantas veces retratado en obras del séptimo arte: la segunda guerra mundial. Se trata de un drama - una de las peores tragedias que el ser humano ha vivido - que es contada, en muchos momentos de la película, en formato de comedia y de algún suspenso. El tono con que va siendo revelada la narrativa, nos permite encarar una realidad dura y pesada como los campos de concentración bajo otro prisma, aunque no es posible olvidar -no debemos hacerlo - los horrores que esos escenarios representaron para la Humanidad.

Además del mensaje de la película que permanece viva, muchos años después de su estreno - y después de haberme la visto media docena de veces más - hay una pregunta que no me sale de la cabeza: «¿Qué habrá sucedido al niño Giosuè ?!» . Con esta cuestión, decidí, hace días, revisar la última escena en que el niño sale del escondite y es puesto en seguridad por las tropas de los Aliados, reencontrando a su mamá (tras la muerte heroica del papá). A continuación, la película termina y quedamos sin saber lo que le ocurrió. ¿Cómo ha sido la vida de Giosuè? ¿Habrá transformado su experiencia en odio y venganza? ¿Habrá alimentado dentro de sí la amargura y el resentimiento, naturales en contextos límite de guerra, xenofobia y racismo como el de la Alemania Nazi? Habrá innumerables posibilidades - eventuales secuelas - pero en mi imaginario, la vida siguió de una forma ejemplar.

Giosuè habrá crescido con su mamá, fuerte y sano. Se convirtió en un adulto justo, consciente de los valores reales de la vida. En todo su recorrido, el lado positivo sobresalió, ya que después de haber pasado por un campo de concentración, los problemas de la vida rutinaria se tornaron demasiado banales. Aprendió desde muy temprano a relativizar, una de las bases para la felicidad. Todo lo que Guido (el padre) le enseñó - metaforizado en aquel juego de los 10 puntos - fue surgiendo, oportunamente, en su vida, habiendo hecho del sentido del humor, su verdadero aliado. Giosuè, en homenaje a su papá, hizo con que su vida fuera genuina y simplemente bella.

Gracias Giosuè, Gracias Guido, por seguirme inspirando hasta hoy. Me monstraron que la vida está llena de cosas buenas y malas y que tenemos que seguir adelante, de la mejor manera que logremos. Nunca perdiendo la esperanza de luchar por un mundo más justo, tolerante y ... bello.


Nota: Este texto fue elaborado en el  âmbito del Desafio Celestices (#02). La idea de la pelicula 'La vida es bella' que me dío Daniela Vieira fue la inspiracion para la escritura.

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