As tuas mãos

Desta vez, apareceste-me, subtilmente, num estado meditativo, meio cá, meio lá. Aquele campo em que a nossa mente se desamarra e corre, livremente, por entre as camadas do subconsciente…

Tive o privilégio de sentir, novamente, a tua presença. Não só a tua imagem, esbelta e esguia, como a recordo… mas a “câmara” da memória fez Zoom das tuas mãos - quando passa muito tempo da morte de alguém, há detalhes que se esfumam. Creio que havia muitos anos que não me lembrava das tuas mãos.

Autoria: Margaret | Lightworker, Dreamer, Artist & Treehugger

E que saudades, percebi agora, tenho eu das tuas mãos!
Não eram mãos delicadas e femininas; não me lembro de as ver arranjadas ou pintadas - só me recordo do cheiro do creme que usavas. Eram, sim, mãos de trabalho, de luta, de quem põe as mãos na massa quando os desafios batem à porta.

Esta memória caiu-me que nem ginjas, como veículo de uma mensagem de paz e de acolhimento. Presenteou-me com outros fragmentos da nossa história em que as mãos foram as protagonistas:
- O teu instrumento de trabalho no restaurante: a varrer, a dobrar roupa ou a passar a ferro com toda a genica. Assim eras tu, davas o teu melhor, tinhas brio em tudo o que fazias.
- Os teus cozinhados, o cuidado pela nutrição e conjugação de alimentos. Os sabores e as práticas que se impregnaram na minha alma.
- A tua dedicação para com as plantas, elas conheciam tão bem as tuas mãos, pois bebiam e cresciam através delas.
- A tua escrita, o dom para cada gesto de mimo e de generosidade.

As tuas mãos receberam-me neste mundo e hoje permaneço no embalo da alma, recordando o calor do teu toque como um lugar seguro ao qual poderei sempre retornar.


“Pela intimidade das mãos conhecemos o mundo, a realidade profunda para além da razão. Tocamos texturas, ritmamos gestos, pulsamos a vida em diálogo e relação. As mãos criam e destroem, mas também remembram.”

(Ana Alpande e Sofia Batalha, Podcast “Remembrar os Ossos. Re-integração do Corpo no Lugar.”)


Texto en Español
Tus manos

Esta vez apareciste sutilmente en un estado meditativo, medio acá, medio allá. Ese campo en que nuestra mente se desata y corre libremente por las olas del subconsciente…

Tuve el privilegio de sentir, una vez más, tu presencia. No solo tu imagen, esbelta y elegante, como te recuerdo... pero la "cámara" de la memoria hizo zoom de tus manos - cuando pasa mucho tiempo de la muerte de alguien, hay detalles que se olvidan. Creo que hacía muchos años que no recordaba tus manos.

¡Y como estrãno tus manos, me doy cuenta ahora!

No eran manos delicadas y femeninas - no recuerdo verlas arregladas o pintadas. Sólo recuerdo el olor de la crema que usabas. Eran, sí, manos de trabajo, manos de lucha, de quien se aferra a los desafíos y no se deja quedar.

Esta memoria me vino bien, como un mensaje de paz y de acogida. Me regaló tambén otros fragmentos de nuestra historia en que las manos fueron las protagonistas:
- Tu instrumento de trabajo en el restaurante: barriendo, doblando la ropa o planchando con todo la buena onda. Así eras tú, dabas lo mejor, tenías brío en cada detalle.
- Tus cocinados, tu cuidado por la nutrición y conjugación de alimentos. Los sabores y las prácticas que se han impregnado en mi alma.
- Tu dedicación a las plantas que conocían bien tus manos, bebían y crecían a través de ellas.
- Tu escritura, el don para cada gesto de cariño y generosidad.

Tus manos me recibieron en este mundo y hoy recuedo el calor de tu tacto como un lugar seguro al que siempre podré regresar.

"Por la intimidad de las manos conocemos el mundo, la realidad profunda más allá de la razón. Tocamos texturas, ritmos gestos, pulsamos la Vida en diálogo y relación. Las manos crean y destruyen, pero también remembran."

(Ana Alpande y Sofía Batalla, Podcast "Remembrar los Huesos. Re-integración del Cuerpo en el Lugar.)

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