Mal Viver e Nas margens: diálogos em construção

As duas amigas foram ao cinema. Desta vez, em dose dupla, numa experiência recomendável na Casa do Cinema de Coimbra - um convite a um cinema de qualidade, com uma oferta mais alternativa e acessível. 

Mal Viver (2023, João Canijo)

A personagem caminha torneando a piscina, vestindo um fato de banho azul, uma toca vermelha, mergulhando na água gélida e percorrendo a piscina de braçada em braçada. A câmara segue o movimento, mas permanece inerte, observando aquela vida em grande plano a chegar à outra margem, enquanto a luz da manhã ilumina aquele corpo despojado.
A espectadora está fascinada com a busca do sentido do movimento, aquela câmara e aquela personagem parecem dois objetos inanimados.
[por Vera Carvalho]

O mundo complexo das relações familiares em que tudo se mistura de forma caótica, disfuncional, disruptiva. O amor e o desamor como sentença de vida. Retrato cru e realista que nos convida à reflexão.

[por Celeste Vieira]


Nas Margens (2023, Juan Diego Botto)

As vidas constroem-se dentro ou fora de margens de certos contextos históricos. Lá dentro encontram-se famílias, empresas, instituições, todas elas contribuindo para o dia a dia de todos.
Na realidade uns tantos jogam à roleta russa com a vida de outros tantos que estão à beira da margem.
Embora alguns resumam tudo à volatilidade do sistema, enfim a famosa destruição criativa, enquanto outros acentuam que tudo o que é sólido se desfaz no ar e outros refltam sobre a incomensurável fragilidade de viver para além das margens.
Na verdade, a igualdade de acesso ao mercado de consumo é o novo ópio do povo.

[por Vera Carvalho]

Viver ou apenas sobreviver? Onde está o limite da dignidade num mundo tão apressado e ganancioso? Ficamos nas margens ou podemos navegar pelo rio da vida? Olhar o outro (e a nós mesmos) com compaixão pode ser a resposta...
[por Celeste Vieira]

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