Avô António Leonidas Barrios

 


Tenho ouvido que, há medida que vamos evoluindo espiritualmente, tornamo-nos mais recetivos às mensagens veiculadas por via de sonhos ou insights. Tendo a acreditar, pela minha vivência, que assim é, uma vez que, nos últimos tempos, tenho-me confrontado com uma série de imagens jamais equacionadas.

Neste começo de 2024, sonhei com o pai da minha mãe, o António Leonidas Barrios. Como nos sonhos tudo é possível, a sua energia apareceu-me de forma indireta, através da auscultação da sua voz e das palavras de outras pessoas. É impressionante como a nossa intuição trabalha, sempre a nosso favor, já que nos momentos em que a nossa mente deixa de ter o controlo, não temos dúvidas - algures li que a dúvida é terreno fértil da mente. Durante o sonho, não precisei de provas fatuais, nem de evidências científicas, para ter a certeza de que a energia do meu avô estava ali.


O mais estranho disto é que, durante a minha vida, raramente pensei neste antepassado. Na verdade, não tive, praticamente, contacto com nenhum dos avós, mas com este ainda menos, pois ele faleceu no ano em que nos mudámos da Argentina para Portugal e eu terei estado uma ou duas vezes com ele, sem qualquer memória consciente desses encontros.

O que trago dentro de mim do meu avô António resulta, sobretudo, dos relatos que ouvi da minha mãe - e dos meus tios, posteriormente. Se havia pessoa que ela admirava neste mundo era o seu pai. Prova disso foi um poema que ela lhe dedicou, um autêntico hino de amor, explanando todos os conselhos que recebeu para uma vida digna, desde a responsabilidade, a honestidade e a importância de se estudar ou aprender mais. O avô costumava fazer-lhe ditados e ela contava-nos isso com orgulho quando nós também começámos a aprender a ler e a escrever.

O António Leonidas Barrios, nascido a 17.01.1916, em Entre Rios, Argentina, viveu 71 anos, tendo sido pai de 13 filhos, avô e bisavô de muitos netos. Tornou-se polícia, comissário na sua região, sendo reconhecido pelo seu estatuto e serviço à comunidade. Era alguém trabalhador e dotado de princípios e valores humanos. Também terá tido muitos defeitos, obviamente, mas sobre esses não falarei pois não tenho nenhum conhecimento de causa.

Hoje sinto a necessidade de escrever sobre ele porque a escrita é a minha forma de arrumar a casa. De vez em quando há que limpar o pó das emoções e passar o pano às raízes que nos possibilitaram a existência. Não interagi com o meu avô António em vida, mas agora, tantos anos volvidos, ele aparece nos meus sonhos. Não venham cá os céticos falarem das coincidências, acasos ou prognósticos de insanidade. A minha alma sabe que ele me visitou e a voz dele continua a ecoar-me no ouvido como um prenúncio de bondade.

Estou muito agradecida por esta visita e pela oportunidade de poder acolhê-lo na minha vida. Porque ele também faz parte do que eu sou hoje e agora sinto-me ainda mais protegida.

“Se olhares atentamente para a palma da tua mão, verás os teus pais e todas as gerações dos teus antepassados. Todos eles estão vivos neste momento. Cada um deles está presente no teu corpo. És a continuação de cada uma dessas pessoas”.
(Thich Nhat Hanh, A Lifetime of peace)


Abuelo António Leonidas Barrios

He oído que a medida que evolucionamos espiritualmente, nos volvemos más receptivos a los mensajes transmitidos a través de sueños o insights. Tiendo a creer, por mi vivencia, que así es, una vez que, en los últimos tiempos, me he confrontado con una serie de imágenes jamás pensadas.

A principios de 2024, soñé con el padre de mi mamá, Antonio Leonidas Barrios. Como en los sueños todo es posible, su energía me apareció de forma indirecta, a través de la auscultación de su voz y de las palabras de otras personas. Es increíble cómo funciona nuestra intuición, siempre a nuestro favor, ya que en los momentos en que nuestra mente deja de tener el control, no tenemos dudas - leí en alguna parte que la duda es terreno fértil de la mente. Durante el sueño, no necesité pruebas reales, ni pruebas científicas, para asegurarme de que la energía de mi abuelo estaba allí.

Lo raro de esto es que, durante mi vida, rara vez pensé en este antepasado. De hecho, prácticamente no he tenido contacto con ninguno de los abuelos, pero con éste menos aún, pues falleció el año en que nos mudamos de Argentina a Portugal y yo habré estado una o dos veces con él, sin ningún recuerdo consciente de esos encuentros.

Lo que llevo dentro de mí de mi abuelo Antonio resulta, sobre todo, de los relatos que escuché de mi mamá - y de mis tíos, posteriormente. Si había alguien a quien admiraba en este mundo era a su padre. Prueba de ello era un poema que ella le dedicó, un auténtico himno de amor, explicando todos los consejos que recibió para una vida digna, desde la responsabilidad, la honestidad y la importancia de estudiar o aprender más. El abuelo solía hacer dictados y ella nos lo contaba cuando nosotros también empezamos a aprender a leer y a escribir.

Antonio Leonidas Barrios, nacido el 17.01.1916, en Entre Ríos, Argentina, vivió 71 años, padre de 13 hijos, abuelo y bisabuelo de muchos nietos. Se hizo policía, comisario en su región, siendo reconocido por su estatuto y servicio a la comunidad. Era alguien trabajador y dotado de principios y valores humanos. Por supuesto, habrá tenido muchos defectos, pero no hablaré de ellos porque no tengo ningún conocimiento de causa.

Hoy siento la necesidad de escribir sobre él porque la escritura es mi forma de ordenar la casa. De vez en cuando hay que limpiar el polvo de las emociones y pasar el paño a las raíces que nos posibilitaron la existencia. No contacte con mi abuelo Antonio en vida, pero ahora, tantos años después, aparece en mis sueños. No me vengan los escépticos hablar de coincidencias, accidentes o predicciones de locura. Mi alma sabe que él me visitó y su voz sigue resonando en mi oído como un presagio de bondad.

Estoy muy agradecida por esta visita y por la oportunidad de poder acogerlo en mi vida. Porque él también es parte de lo que soy hoy y ahora me siento aún más protegida.


"Si miras atentamente la palma de tu mano, verás a tus padres y a todas las generaciones de tus antepasados. Todos ellos están vivos en este momento. Cada uno de ellos está presente en tu cuerpo. Eres la continuación de cada una de esas personas".

(Thich Nhat Hanh, A Lifetime of Peace)

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