This is Us – uma reflexão sobre a vida


This is Us é uma série norte americana que tenho vindo a acompanhar há 6 temporadas - como em todas as séries longas, há episódios melhores do que outros e, por vezes, torna-se difícil manter a fasquia elevada. Hoje venho apresentar-vos uma pequena reflexão a partir deste produto, resultante das conversas com a amiga Vera Carvalho. Para além de sermos consumidoras de séries, filmes e livros em comum, partilhamos o hábito de comentar, uma com a outra, o que determinada cena fez ressoar em nós. Acaba por ser esse, a meu ver, o fim último de todo o tipo de arte: provocar a emoção.

- Que cena (s) destacas nesta série? O que te fez sentir ou refletir?
A família como o lugar onde cabem todas as emoções por Vera Carvalho
This is Us é uma série que relata a vida de uma família, as suas relações, os seus conflitos e as suas grandes questões. Um dos episódios mais marcantes da sexta temporada decorre durante a noite de Ação de Graças, após o jantar, a família aguarda uma comunicação importante da progenitora, que ocorre num contexto difícil, pois alguns meses antes tinha-lhe sido diagnosticada a doença de Alzheimer.

Esta conversa é extraordinariamente reveladora do que significa ser uma mulher adulta e consciente de que a sua vida, por muito que seja importante para os outros, não deverá potenciar situações incómodas. Assim, esta cena desenvolve-se com a explicação das suas decisões para o futuro, justificando as suas decisões aos seus três filhos, dizendo-lhes, por fim, que não se deverão prender a situações nas quais se sintam infelizes, aconselhando-os a enfrentarem os seus receios e a não terem medo de viver. As palavras ainda agora ressoam nos meus pensamentos:
- “Sejam destemidos, não se prendam, não tenham medo de enfrentar as vossas questões, sejam corajosos, pois a vida é um lapso de tempo!”

Este momento particular, este sentimento do que deve ser o papel de um ser humano responsável e consciente, enfim de que a sua vida não deverá ser um obstáculo para a vida dos seus entes queridos, foi extraordinariamente revigorante e encorajador.

Sim, também defendo que aos filhos é importante passar princípios de coragem, determinação, autonomia e responsabilidade perante a sua vida e a dos outros.

A vida é um sopro por Celeste Vieira
A cena que mais me tocou, até hoje, nesta série, foi o momento em que é relatada a morte do pai da família, o Jack. É curioso que um facto tão crucial da trama tenha sido revelado somente na 3 ª temporada, o que nos vai consumindo a curiosidade, episódio a episódio. A narrativa, gerada em função das vidas dos 3 irmãos (“Os Big 3”) depois da morte inesperada do pai, sublinha uma mensagem de amor e de tenacidade dos laços familiares, através de pequenos e grandes gestos que fazem parte do quotidiano.

Porque destaco esta cena? Não é pela morte em si, drama pelo drama – embora eu seja uma fã acérrima de desgraças no grande ecrã para me lavar a face em modo corrente de lágrimas. O que me impactou, de facto, neste episódio, foi o efeito surpresa e o realismo do argumento.

Já sabemos (desde sempre!) que o pai morre e acabamos por idealizar uma cena super romântica com toneladas de heroísmo. Aliás, tudo aponta para que ele vá morrer no meio do incêndio que lhes destrói a casa - não só se salva, como consegue garantir que todos se salvam, até o cão. Mas não, ele não morre aí… acaba por ir para o hospital para fazer exames, por insistência da família. A mulher acompanha-o e até se riem de toda aquela situação: “Ufa! Que alivio, já passou!” Momentos depois, a esposa descontrai e vai comprar um chocolate...quando volta ao quarto, o Jack está morto. Assim, num instante, sem se prever. Sem ter lógica. Já foi…

A vida é um verdadeiro sopro. Naquela cena do This is US é espelhado tanto realismo que chega a ser arrebatador – senti o aperto no peito, característico de quando se perde alguém. A conclusão é que não há hora perfeita para se morrer. Na prática, nunca se sabe quando será o nosso último fôlego. E o não se saber pode ter tanto de assustador como de inspirador. O desconhecido abre-nos as portas para a audácia de querer viver. Aqui, já! - não daqui a bocado.

Como dizia o António Variações:
“Quero é viver…até quando eu não sei…quero é viver!”



Texto en Español

This is Us es una serie estadounidense que he estado siguiendo durante 6 temporadas; como ocurre con todas las series de larga duración, hay episodios que son mejores que otros y, a veces, es difícil mantener el listón alto. Hoy vengo a presentarles una pequeña reflexión de este producto, resultado de conversaciones con mi amiga Vera Carvalho. Además de sermos consumidoras de series, películas y libros en común, compartimos la costumbre de comentar, entre todos, qué nos resuena determinada escena. Este acaba siendo, en mi opinión, el fin último de todo tipo de arte: provocar en nosotros emoción.

- ¿Qué escena(s) destacas en esta serie? ¿Qué te hizo sentir o reflexionar?
La familia como lugar donde caben todas las emociones por Vera Carvalho
This is Us es una serie que cuenta la vida de una familia, sus relaciones, sus conflictos y sus grandes interrogantes. Uno de los episodios más destacados de la sexta temporada tiene lugar durante la noche de Acción de Gracias, después de la cena, la familia espera una importante comunicación de la madre, la cual se desarrolla en un contexto difícil, pues unos meses antes le habían diagnosticado la enfermedad de Alzheimer.

Esta conversación es extraordinariamente reveladora de lo que significa ser una mujer adulta y consciente de que su vida, por importante que sea para los demás, no debe conducir a situaciones incómodas. Así, esta escena se desarrolla con la explicación de sus decisiones para el futuro, justificando sus decisiones a sus tres hijos, diciéndoles finalmente que no deben quedarse atrapados en situaciones en las que se sientan infelices, aconsejándoles que enfrenten sus miedos y no tengan miedo. vivir. Las palabras incluso ahora resuenan en mis pensamientos:

"¡Sé valiente, no te contengas, no tengas miedo de enfrentar tus preguntas, sé valiente, porque la vida es un lapso de tiempo!"

Este momento particular, este sentimiento de cuál debe ser el papel de un ser humano responsable y consciente, que su vida no debe ser un obstáculo para la vida de sus seres queridos, fue extraordinariamente vigorizante y alentador.

Sí, también creo que es importante que los niños transmitan principios de valentía, determinación, autonomía y responsabilidad hacia la propia vida y la de los demás.

La vida es un soplo por Celeste Vieira
La escena que más me conmovió, hasta ahora, en esta serie, fue el momento en el que se informa de la muerte del padre de familia, Jack. Es curioso que un hecho tan crucial de la trama se haya revelado recién en la 3ª temporada, que está consumiendo nuestra curiosidad episodio a episodio. La narrativa, generada a partir de la vida de los 3 hermanos (“Los 3 Grandes”) tras la inesperada muerte de su padre, subraya un mensaje de amor y tesón de los lazos familiares, a través de pequeños y grandes gestos que forman parte de la cotidianidad.

¿Por qué destaco esta escena? No es por la muerte en sí, el drama por el drama, aunque soy un fan incondicional de la aflicción en la pantalla grande para lavarme la cara en un torrente de lágrimas. Lo que realmente me impactó de este episodio fue el efecto sorpresa y el realismo del guión.

Ya sabemos (¡siempre!) que el padre muere y terminamos idealizando una escena súper romántica con toneladas de heroísmo. De hecho, todo apunta a que muere en medio del incendio que destruye su casa, no solo se salva, sino que logra que todos se salven, incluso el perro. Pero no, no muere allí… termina yendo al hospital a hacerse exámenes, ante la insistencia de la familia. La mujer lo acompaña y hasta se ríe de toda la situación: “¡Uf! ¡Qué alivio, se acabó!". Momentos después, la mujer va a comprar un chocolate y cuando regresa a la habitación, Jack está muerto. Entonces, en un instante, sin predecir. Ilógico. Ya se fué…

La vida es un verdadero respiro. En esa escena de This is US se refleja tanto realismo que sobrecoge – sentí la opresión en el pecho, característica de cuando se pierde a alguien.

No hay un momento perfecto para morir. En la práctica, nunca sabes cuándo será tu último aliento. Y no saber puede ser tanto aterrador como inspirador. El no saber abre la puerta a la audacia de querer vivir. ¡Aquí ahora! - No dentro de poco.

Como decia el tema de Antonio Variações:

"Lo que quiero es vivir... hasta cuando no lo sé... ¡Quiero vivir!"


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