As cores que nos fazem (mais) sentido

Não sei, ao certo, de que cor é a vida. E qual a sua textura? Existem instantes em que se apresenta macia como uma seda e outras (tantas) ocasiões nas quais sentimos o seu toque áspero que nos arrepia a alma. Será que apresenta alguma forma geométrica? Os altos e baixos que compõem a tela da existência afiguram-se um desafio de criatividade para qualquer artista que tem como papel principal uma bela performance no palco das emoções. 

Desafio#13: Stella Barrios (Quadro pintado por Stella Barrios)

http://stellabarrios.blogspot.com/

Parece que a vida não vem com um livrinho de instruções que ensina a cumprir os procedimentos, etapa após etapa, sem margem de erro. Cabe a cada um de nós a árdua tarefa de escolher as tonalidades que podem ilustrar os quadradinhos da banda desenhada. Nem sempre sabemos fazê-lo com maestria, mas a passagem do tempo vai ajudando um pouquinho - a maturidade tem coisas boas, se soubermos olhar com perspetiva. 

Há dias em que as sombras exercem o seu poder como fantasmas à espreita para atacar. Outros há em que o sol brilha, com uma intensidade que eletriza tudo o que circunda. A esperança aparece e dá uma forcinha quando as forças começam a falhar na escalada da montanha – tem (boa) gente que não desiste nem à lei da bala! 

Atravessando os contrastes de luz e sombra, de quentes e frios, a magia de viver consiste em pintar o quadro, mesmo que não se possua, propriamente, o talento de um Picasso. Todos os elementos – fogo, ar, água e terra - conjugam-se num pano de fundo e, lá vamos nós, rumo ao desconhecido. Só lá descobriremos quem, de facto, somos e quais são as cores que nos fazem (mais) sentido. 

“(…) e não ignoro que todas as ilhas, mesmo as conhecidas, são desconhecidas enquanto não desembarcarmos nelas…” * 

“(…) mas quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver, Não o sabes, Se não sais de ti, não chegas a saber quem és.” * 

In O conto da ilha desconhecida, José Saramago 

Nota: Este texto foi elaborado no âmbito do Desafio Celestices (#13). O quadro pintado por Stella Barrios serviu de ponto de partida e inspiração para a redação do texto.

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Texto en Español

Los colores que más sentimos que nos representan

No estoy segura de qué color es la vida. ¿Y cuál es su textura? Hay momentos en que se presenta tan suave como una seda y otras (tantas) ocasiones en que sentimos su toque áspero que nos tiembla el alma. ¿Tiene alguna forma geométrica? Los altibajos que componen el cuadro de la existencia parecen ser un desafío de creatividad para cualquier artista cuyo papel principal es una bella actuación en el escenario de las emociones. 

Parece que la vida no viene con un folleto de instrucciones que enseñe cómo hacerlo paso a paso sin margen de error. Depende de cada uno de nosotros la ardua tarea de elegir los tonos que pueden ilustrar los cuadrados del cómic. Ni siempre sabemos cómo hacerlo con maestría, pero el paso del tiempo ayuda un poquito - la madurez tiene cosas buenas si logramos mirar el mundo con perspectiva. 

Hay días en que las sombras ejercen su poder como fantasmas que se acercan para atacar. Hay otros donde brilla el sol, con una intensidad que electrifica todo a su alrededor. La esperanza aparece y nos da fuerza cuando las fuerzas comienzan a fallar en la montaña: hay (buenas) personas que no desisten nunca! 

Cruzando los contrastes de luz y sombra, de calor y frío, la magia de vivir consiste en pintar el cuadro, incluso si uno no posee el talento de un Picasso. Todos los elementos (fuego, aire, agua y tierra) se unen en un plano multidimensional, y partimos hacia el desconocido. Solo entonces descubriremos quién somos realmente y qué colores nos hacen (más) sentido. 

"(...) todas las islas, incluso las conocidas, son desconocidas hasta que aterricemos en ellas ..." * 

"(...) pero quiero encontrar la isla desconocida, quiero saber quién soy cuando estoy en ella, no lo sabes, si no te dejas, no sabes quién eres". * 

*El cuento de la isla desconocida, José Saramago 

Nota: Este texto fue elaborado en el ambito del Desafio Celestices (#13). El cuadro pintado por Stella Barrios sirvió de inspiración para el texto.