A liberdade mora ao lado de cada escolha

 

Nos últimos anos, tenho vindo a tomar (mais) consciência do meu papel nesta existência, tendo aprendido a conhecer-me, numa senda, em tantos momentos, exasperante. A jornada do autoconhecimento que hoje em dia anda nas bocas do mundo não é, de todo, um processo ligeiro - olhar para dentro aleija e não existem pensos rápidos que resolvam o problema.

Porém, o “assentar de tijolos” permite-nos apurar uma mirada mais sábia sobre o que nos rodeia. No meu caso, conhecer-me melhor tem-me possibilitado ser mais livre. Quando eu era miúda, acreditava que livre era quem podia fazer o que lhe apetecesse, a qualquer hora, sem dar cavaco a ninguém. Bater a porta, sem olhar para trás – oh! que inveja tinha eu dos protagonistas de melodramas, montados nos seus cavalos, percorrendo terras longínquas, rumo ao horizonte.

Umas valentes pedras no caminho e uns anos de terapia depois, fizeram-me compreender que a liberdade é muito mais do que referi antes. Sou livre quando escolho olhar de outro prisma e não fico aprisionada aos medos que me enrolam o gasganete. Sou livre quando digo “Não” aos outros para dizer “Sim” a mim mesma. Sou livre quando protejo a minha energia do que não me faz bem, contrariando a tendência de me armar em salvadora da pátria.

Pois bem, “a liberdade está a passar por aqui”, já dizia a canção de Sérgio Godinho, e mora ao lado de cada escolha. A liberdade prolifera quando somos fiéis aos nossos princípios e não nos deixamos arrastar pelas imposições alheias. Ser assertivo não é fácil, mas é um treino, talvez diário, da nossa liberdade – sempre com respeito do lugar do outro.

Muitas vezes, as pessoas pensam que o desenvolvimento pessoal representa um quadro cheio de unicórnios e da velha positividade patológica, ao estilo “está sempre tudo bem!”. Na minha opinião, a felicidade é um caminho de aprendizagem e de escolha permanente, onde o leme é a liberdade de ser quem somos, sabendo impor, oportunamente, os limites que nos possibilitam desenhar a moldura da nossa própria vida.

“Todas as pessoas tomam os limites do seu próprio campo de visão, pelos limites do mundo.”

(Arthur Schopenhauer)

 Texto en Español

La libertad vive al lado de cada elección

En los últimos años, he tomado (más) conciencia de mi papel en esta existencia, habiendo aprendido a conocerme, en una senda, en tantos momentos, desesperante. La jornada del autoconocimiento que hoy en día anda en las bocas del mundo no es, en absoluto, un proceso ligero - mirar hacia adentro duele y no existen curitas que resuelvan el problema.

Pero el "sentar de ladrillos" nos permite afinar una mirada más sabia sobre lo que nos rodea. En mi caso, conocerme mejor me ha permitido ser más libre. Cuando yo era niña, creía que libre era quien podía hacer lo que quisiera, a cualquier hora, sin dar explicaciones a nadie. Golpear la puerta sin mirar atrás - ¡oh! que envidia tenía yo de los protagonistas de melodramas, montados en sus caballos, recorriendo tierras lejanas, rumbo al horizonte.

Unas piedras valientes en el camino y unos años de terapia después, me hicieron comprender que la libertad es mucho más de lo que he dicho antes. Soy libre cuando elijo mirar desde otro prisma y no quedo aprisionada a los miedos que me envuelven la garganta. Soy libre cuando digo "No" a otros para decir "Sí" a mí misma. Soy libre cuando protejo mi energía de lo que no me hace bien, contrariando la tendencia de ser la salvadora de la patria.

Pues bien, "la libertad está pasando por aquí", ya decía la canción de Sergio Godinho, y vive al lado de cada elección. La libertad prolifera cuando somos fieles a nuestros principios y no nos dejamos arrastrar por las imposiciones ajenas. Ser asertivo no es fácil, pero es un entrenamiento, quizás diario, de nuestra libertad - siempre con respecto al lugar del otro.

A menudo, la gente piensa que el desarrollo personal representa un cuadro lleno de unicornios y de la vieja positividad patológica, al estilo "todo está bien siempre". En mi opinión, la felicidad es un camino de aprendizaje y de elección permanente, donde el timón es la libertad de ser quienes somos, sabiendo imponer, oportunamente, los límites que nos posibilitan diseñar el marco de nuestra propia vida.

"Todas las personas toman los límites de su propio campo de visión, por los límites del mundo."

(Arthur Schopenhauer)

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