Brincar de ser professora
A minha mãe ficava danada quando descobria que eu andava a escrever no quadro de ardósia, dentro do quarto - preocupação natural de mãe, pois eu era uma autêntica flor de estufa, com alergia ao giz, ao pólen e aos ácaros. Sempre que tinha oportunidade, lá ia eu, organizar o espaço, dispondo os peluches que faziam de alunos e as pilhas de livros e folhas, para simular que estava a dar aulas – era a minha brincadeira favorita.
Desde muito cedo, percebi que gostava de transmitir ideias, falar em público e desenvolver a criatividade. Os jogos de imitação são importantes para o desenvolvimento infantil, mas no meu caso, a coisa era levada a sério – até chegava a corrigir os trabalhos “feitos” pelos bonecos e no resto da casa ouvia-se a minha voz bem projetada.
Embora tenham existido, ao longo do meu crescimento, outros sonhos que passaram pela cabeça quando me perguntavam “o que queres ser quando fores grande?” (exemplos: médica, atriz, psicóloga…), hoje consigo identificar que a função pedagógica esteve sempre presente. Dar aulas/formação, falar em público, contar histórias, escrever, ajudar os outros correspondem às “coisas” que mais me dão prazer em termos de atividade.
E quando fazemos “coisas” que nos nutrem, sentimos que estamos no lugar certo. Já dei imensas horas de formação, contactei com muitas pessoas em diversos domínios. Na maioria das situações, voltei para casa com uma sensação de entusiasmo, pois percebi a minha competência e a ligação ao outro.
Recentemente, na minha experiência de facilitação de um ateliê de Meditação/Mindfulness para um público sénior (associação iCreate), tenho sentido tudo isso e um pouco mais. Este grupo é, sem sombra de dúvida, o mais empenhado de todas as turmas com quem travei contacto. Além de cumpridoras, estas pessoas conseguem ir mais além, surpreendendo-me a cada encontro. Quando dou por mim, há um abraço de gratidão, um sorriso inesperado ou um input fora da caixa.
Esses momentos de espontaneidade, aprendizagem pura e de conexão confirmam que valeu a pena brincar de ser professora com o quadro de ardósia - alergias à parte, sei que a minha mãe estará orgulhosa.
“Uma criança, um professor, um livro, uma caneta podem mudar
o mundo.”
“Deixe-nos agarrar os nossos livros e as nossas canetas, eles
são as armas mais poderosas.”
(MALALA YOUSAFZAI
Y cuando hacemos "cosas" que nos nutren, sentimos
que estamos en el lugar correcto. Y di muchas clases, he contactado con muchas
personas en diversos ámbitos. En la mayoría de las situaciones, volví a casa
con una sensación de entusiasmo, pues percibí mi competencia y la conexión con
el otro.
Recientemente, en mi experiencia de facilitación de un
taller de Meditacion/ Mindfulness para un público de jubilados (asociación
Icreate), he sentido todo esto y un poco más. Este grupo es sin duda el más
comprometido de todos los grupos con los que he mantenido contacto. Además de
cumplidores, estas personas consiguen ir más allá, sorprendiéndome en cada
encuentro. Quando me doy cuenta, recibo un abrazo de gratitud, una sonrisa
inesperada o una conversacion diferente e creativa.
Esos momentos de espontaneidad, aprendizaje puro y de conexión confirman que valió la pena jugar de ser maestra con el cuadro de pizarra - alergias aparte, sé que mi mamá estará orgullosa.
"Un niño, un maestro, un libro, una pluma pueden
cambiar el mundo."
"Tomemos nuestros libros y nuestras plumas, son las
armas más poderosas."
(MALALA YOUSAFZAI)
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