Trevos da casa ao lado

 


A minha mãe era uma mulher espiritual, à sua maneira. Fazia um bom uso da intuição e da sensibilidade, como qualquer Peixes de signo. Apreciava os símbolos, as mensagens e os rituais. Em casa, tinha um pouco a mania do Feng Shui e “ai” de quem contrariasse as suas tendências.

Ela amava os trevos de 4 folhas, como já tive oportunidade de contar noutros relatos. Por variadas razões, eu comecei a considerar esta planta como um sinal da minha conexão com a Marta. Quanto mais acredito nisso, mais situações incríveis me acontecem.


Numa caminhada matinal, entrei em diálogo com a minha mãe. Não se trata do ato de pensar nela que, obviamente, sucede todos os dias, mas um sentir distinto, que vem da alma - já não tenho medo de que me julguem doida varrida por ouvir o meu coração e, na verdade, percebi que é nele que residem todas as respostas. A minha mãe continua a habitar por estas bandas e aprendi a sintonizar a frequência de rádio interna para escutar as suas mensagens. Com a prática, a intuição revela-se de modo cada vez mais fluido e frequente.

Enquanto caminhava, lembrei-me que a minha mãe costumava preparar-me uma botija de água quente quando me doía a barriga - ela conhecia todas as mesinhas e encontrava sempre uma solução para qualquer incómodo, de forma mágica. Então, ali ficava eu, deitada, contorcendo-me, um bocadinho queixosa…ela acabava por se deitar ao meu lado, enroscada a mim e o mal-estar passava. Tantos anos volvidos, às vezes ainda dou por mim, ansiando pela dita botija e pelo abraço da minha mãe para que a dor diminua…

Embalada por esta memória, no regresso do percurso, o meu ângulo de visão direcionou-se, única e exclusivamente, para o jardim da casa contígua à minha. Na verdade, nem sei como isso sucedeu, foi como uma espécie de flash que me invadiu instantaneamente e conduziu a minha atenção para algo que distava a uns bons metros do meu alcance: um vaso com trevos de 4 folhas, em flor.

Arrepiei-me de cima a baixo e as lágrimas escorreram pela face, como se não houvesse amanhã. Na incredibilidade do que estava a ver, voltei para casa inundada de uma emoção que era maior do que qualquer coisa que eu possa descrever por palavras.

A mente racional “macaca” tentou desviar-me do que estava a sentir, berrando aos ouvidos: - “És mesmo louca! Até já vês coisas! Aquilo não é nenhum trevo…!”. Os chicotes do ego entraram todos em ação, lembrando-me de que eu sou uma mulher adulta, inteligente, profissional, bem resolvida que não tem de acreditar em sincronicidades, nem banha da cobra do estilo. Bla, bla, blá

Mas como o meu coração anda nos treinos há algum tempo e a conexão com a minha mãe é de aço, fiz ouvidos de mercador para o ego e para a racionalidade - já me dão água pelas barbas no resto da vida quotidiana. Acolhi, dentro de mim, a bênção de mais uma mensagem da minha mãe. E agradeci, muito, muito, por esta “botija de água quente”.

Entretanto a vizinha, a querida Susana, confirmou que eu não estou demente (pelo menos, por agora!) e ofereceu-me uns bolbos para que eu possa plantar os meus vasos de trevos. Gratidão!

“Os milagres são uma narração em letras pequenas da mesma história que está escrita por todo lado em letras grandes demais para que alguns de nós a leiam.”
(C. S. Lewis)

Texto en Español

Tréboles de la casa de al lado

Mi mamá era una mujer espiritual, a su manera. Hacía un buen uso de la intuición y de la sensibilidad, como cualquier Piscis de signo. Apreciaba los símbolos, los mensajes y los rituales. En casa, tenía un poco la manía del Feng Shui y pobre de quien la quisera contrariar en sus tendencias.

Le encantaban los tréboles de cuatro hojas, como ya he contado en otros relatos. Por varias razones, comencé a considerar esta planta como una señal de mi conexión con Marta. Cuanto más lo creo, más situaciones increíbles me ocurren.

En una caminata matutina, hablé con mi mamá. No se trata del acto de pensar en ella que, obviamente, sucede todos los días, sino un sentir distinto, que viene del alma - ya no tengo miedo de que piensen que soy loca por oír mi corazón y, en verdad, percibí que es en él que residen todas las respuestas. Mi mamá aún sigue viva en mi pecho y aprendí a sintonizar la frecuencia de radio interna para escuchar sus mensajes. Con la práctica, la intuición se revela de modo cada vez más fluido y frecuente.

Mientras caminaba, me acordé que mi mamá solía prepararme una bolsa de agua caliente cuando me dolía la panza - ella conocía todas las recetas y encontraba siempre una solución para cualquier molestia, de forma mágica. Así que ahí estaba yo, acostada, retorciéndose, un poco quejosa... ella se recostaba a mi lado, acurrucada a mí y el malestar se iba. Tantos años después, a veces todavía sigo anhelando por la dicha bolsa y por el abrazo de mi mamá para que el dolor disminuya...

Envuelta en este recuerdo, en el regresso de la caminata, mi ángulo de visión se dirigió, única y exclusivamente, al jardín de la casa al lado de la mía. De hecho, no sé cómo sucedió, fue como una especie de flash que me invadió instantáneamente y condujo mi atención hacia algo que estaba a unos metros de mi alcance: una maceta com muchos tréboles de 4 hojas, en flor.

Me que de com piel de gallina de arriba a abajo y las lágrimas corrieron por la cara. En la incredulidad de lo que estaba viendo, regresé a casa inundada de una emoción que era más grande que cualquier cosa que pudiera describir con palabras.

Mi parte racional trató de desviarme de lo que estaba sintiendo, gritando al oído: - "¡Estás loca de verdad! ¡Ya ves cosas! Eso no es un trébol...". Los látigos del ego han entrado todos en acción, recordándome que soy una mujer adulta, inteligente, profesional, bien resuelta que no tiene que creer en sincronicidades, ni nada de estas cosas. Bla, bla, bla...

Pero como mi corazón es atletico y la conexión con mi mamá es de acero, no le creí nada al el ego y la racionalidad - ya me basta en el resto de mi vida diaria. He acogido dentro de mí la bendición de más un mensaje de mi mamá. Y he agradecido mucho, mucho, por esta "bolsa de agua caliente".

Unos dias despues, la vecina, la querida Susana, confirmó que no estoy loca (¡al menos por ahora!) y me regaló unos bulbos para que pueda plantar unas macetas de tréboles en mi casa. Gratitud!

"Los milagros son una narración en letras pequeñas de la misma historia que está escrita en todas partes en letras demasiado grandes para que algunos de nosotros la lean."
(C. S. Lewis)

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