Não sou de gatos, mas…
Gosto de trabalhar junto a uma janela para sentir a luz a entrar-me pelo corpo e iluminar os meus pensamentos. Noto um incremento da concentração quando descanso a visão do ecrã numa paisagem natural: contemplar as árvores, os seus ramos em movimento ao ritmo do vento; perceber a tonalidade do céu, umas vezes, carregado de nuvens, e outras, num azul completamente límpido; observar as aves que voam sozinhas ou em bando, sabendo sempre para onde ir. Este é o meu exercício de mindfulness diário, a partir do qual vou descobrindo novidades e aprendendo mais umas lições de vida.
Hoje, estando a trabalhar, parei, por uns instantes, de teclar no computador e olhei pela janela da minha casa, como faço amiúde. Qual não foi o meu espanto quando sou surpreendida pela presença de um gato no telhado da casa, totalmente focado na contemplação do horizonte. O que me chamou a atenção foi a postura do animal, ereta e confiante, como se estivesse a discursar num púlpito ou no cimo de uma montanha, ao estilo da imagem conhecida do “Rei Leão”.
Não sou aquela pessoa de me desfazer em carícias para com os gatos, até porque me enerva que eles sejam independentes, seguros de si e, às vezes, um bocadinho, arrogantes. No entanto, gosto de contemplá-los, de preferência a uma certa distância, para perceber o seu comportamento. E, desta vez, foi muito inspirador visualizar esta espécie a ser, simplesmente, o que é.
Os animais não planeiam em demasia, nem perdem tempo a pensar se deveriam ir para cima de um telhado ou não – provavelmente, a esta hora, o meu “vizinho” já nem se lembra que o fez, enquanto estou eu a refletir sobre isto. Neste caso, o gato aproveitou a oportunidade de subir à penthouse para sentir o ar fresco nos bigodes e apreciar uma bela vista. Haverá algo melhor?
Continuo a não ser uma pessoa de gatos, mas uma parte de mim admira (ou inveja!) a sua maneira de estar destemida, segura e curiosa. Obrigada, vizinho, por esta visita, que me roubou um belo sorriso.
“Com os cães nós aprendemos o que é amor incondicional. Com os gatos, o amor-próprio.”
(Rogério Lopes)
Texto en Español
No soy una persona de gatos, pero...
Me gusta trabajar junto a una ventana para sentir la luz entrar por mi cuerpo e iluminar mis pensamientos. Noto un aumento de la concentración cuando descanso la visión de la pantalla en un paisaje natural: contemplar los árboles, sus ramas en movimiento al ritmo del viento; percibir el tono del cielo, algunas veces cargado de nubes, y otras, en un azul completamente límpido; observar a las aves que vuelan solas o en bandada, siempre sabiendo a dónde ir. Este es mi ejercicio diario de meditacion, con el cual voy descubriendo novedades y aprendiendo algunas lecciones más de vida.
Hoy, mientras estaba trabajando, dejé de teclear por un momento en el ordenador y miré por la ventana de mi casa, como hago a menudo. Qué sorpresa cuando me veo la presencia de un gato en el techo de la casa, totalmente centrado en la contemplación del horizonte. Lo que me llamó la atención fue la postura del animal, erguido y confiado, como si estuviera hablando en un púlpito o en la cima de una montaña, al estilo de la conocida escena del "Rey León".
No soy de esas personas que se deshacen en caricias hacia los gatos, porque me molesta que sean independientes, seguros de sí mismos y a veces un poco arrogantes. Sin embargo, me gusta contemplarlos, preferiblemente a cierta distancia, para percibir su comportamiento. Y esta vez, fue muy inspirador ver a esta especie ser simplemente lo que es.
Los animales no planean demasiado, ni pierden tiempo pensando si deberían ir a un tejado o no - probablemente, a esta hora, mi "vecino" ya ni se acuerda que lo hizo, mientras yo estoy reflexionando sobre ello. En este caso, el gato aprovechó la oportunidad de subir al ático para sentir el aire fresco en los bigotes y disfrutar de una hermosa vista. Habrá algo mejor?
Sigo sin ser una persona de gatos, pero una parte de mí admira (o envidia) su manera de ser valiente, segura y curiosa. Gracias, vecino, por esta visita, que me robó una hermosa sonrisa.
"Con los perros aprendemos lo que es el amor incondicional. Con los gatos, el amor propio."
(Rogério Lopes)
Comentários
Enviar um comentário