Envelhecer...
Há uns dias, vi o filme brasileiro “O último azul” de Gabriel Mascaro e gostei imenso. Corresponde a uma abordagem distópica de uma sociedade, em que o valor dos idosos é completamente renegado, passando pela exclusão das pessoas que atingem uma determinada idade para um local distante denominado “colónias”. O conceito base desta narrativa consiste na hegemonia da produtividade, no foco na força do trabalho garantida pelos mais jovens/saudáveis, uma analogia da visão de Darwin, da sobrevivência do mais forte.
Esta obra de ficção dá que pensar. Através de metáforas e momentos de uma criatividade aguçada, somos envolvidos na história da protagonista que, perante a “sentença” da proximidade da sua idade, revela uma coragem fora de série, colocando-se em marcha para escapar ao previsível destino dos velhos desterrados. Comoveu-me a sua resistência e a garra demonstrada para conquistar um sonho, dando-me conta que a capacidade de sonhar não tem prazo de validade.
O idadismo constitui uma forma de discriminação bastante frequente na atualidade e que até, infelizmente, se banalizou. Desconsiderar a opinião de alguém por causa da sua idade, fazer de conta que não existe porque deixou de trabalhar ou não ter em conta os seus sentimentos perante decisões que lhe dizem respeito, como por exemplo, ir viver para um lar ou desfazer-se dos seus pertences, são alguns exemplos de atitudes de marginalização de pessoas mais velhas – por vezes praticadas pelos entes mais chegados, onde o silêncio perante a desolação embacia o brilho no olhar, para sempre.
Embora o mundo capitalista e globalizado nos queira convencer do contrário, envelhecer é uma dádiva! Nem todos têm oportunidade de viver muitos anos, deixando este plano cedo demais. Na minha opinião, cada ano marcado no calendário representa uma riqueza que merece ser reconhecida e celebrada. Não teríamos todos a ganhar se encontrássemos formas mais empáticas e compassivas de nos relacionarmos com a passagem do tempo (individual e coletivamente)?
“Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo.”
(Charles Saint-Beuve)
Envejecer...
Hace unos días, vi la película brasileña "El último azul" de Gabriel Mascaro y me gustó mucho. Corresponde a un enfoque distópico de una sociedad, en la que el valor de los ancianos es completamente renegado, pasando por la exclusión de las personas que alcanzan una determinada edad hacia un lugar lejano denominado "colonias". El concepto base de esta narrativa consiste en la hegemonía de la productividad, en el foco en la fuerza del trabajo garantizada por los más jóvenes/sanos, una analogía de la visión de Darwin, de la supervivencia del más fuerte.
Esta obra de ficción da que pensar. A través de metáforas y momentos de aguda creatividad, estamos envueltos en la historia de la protagonista que, ante la "sentencia" de la proximidad de su edad, revela un valor fuera de serie, poniéndose en marcha para escapar al previsible destino de los viejos desterrados. Me conmovió su resistencia y la garra demostrada para conquistar un sueño, dándome cuenta que la capacidad de soñar no tiene fecha de caducidad.
El idadismo constituye una forma de discriminación bastante frecuente en la actualidad y que, en muchos casos, incluso se ha banalizado. Ignorar la opinión de alguien debido a su edad, fingir que no existe porque dejó de trabajar o no tener en cuenta sus sentimientos ante decisiones que le conciernen, como por ejemplo ir a vivir a un geriatrico o deshacerse de sus pertenencias, son algunos ejemplos de actitudes de marginación de personas mayores - a veces practicadas por los seres queridos más cercanos, donde el silencio ante la desolación embota el brillo en la mirada, para siempre.
Aunque el mundo capitalista y globalizado quiere convencernos de lo contrario, ¡envejecer es un regalo! No todos tienen la oportunidad de vivir muchos años, dejando este plan demasiado pronto. En mi opinión, cada año marcado en el calendario representa una riqueza que merece ser reconocida y celebrada. ¿No ganaríamos todos si encontráramos formas más empáticas y compasivas de relacionarnos con el paso del tiempo (individual y colectivamente)?
"Envejecer todavía es la única manera que se ha descubierto de vivir mucho tiempo."
(Charles Saint-Beuve)
Comentários
Enviar um comentário